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CAPÍTULO 9: "A Terapia Multifocal"

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25/Fevereiro/2003

UMA AJUDA IMPORTANTE PARA ROMPER O CÁRCERE DA EMOÇÃO 

     "Neste capítulo retomaremos tudo o que vimos sobre o funcionamento da mente e aplicaremos esse conhecimento para estabelecer os princípios da terapia multifocal. Tais princípios poderão ajudar os pacientes a não apenas superarem o cárcere das drogas, mas também o cárcere da emoção gerado por outras doenças psíquicas. Se o leitor tiver paciência consigo mesmo e despender uma atenção especial a este capítulo, certamente entenderá um dos mais complicados assuntos da Psicologia."

26/Fevereiro/2003

CORRIGINDO A RETROALIMENTAÇÃO DA MEMÓRIA PRODUZIDA PELO FENÔMENO RAM

 
    "O fenômeno RAM, como vimos, é o fenômeno do Registro Automático da Memória. Todas as experiências que construímos na inteligência são registradas automaticamente e involuntariamente por esse fenômeno que prefere registrar as experiências com maior carga emocional.
    Quanto mais produzimos experiências que envolvam emoções, mais elas serão registradas privilegiadamente e mais ficarão disponíveis para serem lidas e para participar das reações, pensamentos, sentimentos, maneira de ser, visão de vida que temos no presente e que teremos no futuro.
    A qualidade das experiências que tivemos na infância determina as características que teremos quando adultos, tais como descontração, segurança, sensibilidade, ansiedade. Podemos não ter consciência de nossas misérias do passado, mas elas infectam o nosso presente como também podemos não ter consciência dos prazeres que tivemos, mas eles irrigam a nossa capacidade de ser e de pensar.

    Se tivemos uma infância regada com alegria, brincadeiras, criatividade e com alto grau de socialização, certamente temos grandes possibilidades de ter uma personalidade tranqüila, que contempla o belo e que aprecia o convívio social. Se, ao contrário, tivemos uma infância saturada com experiências punitivas, sem afetividade, desprovida de apoio, carente de elogios e restrita de amigos, então, temos grandes possibilidades de ter uma personalidade rígida, pouco sociável, insatisfeita, com baixa auto-estima e com humor basal triste."

27/Fevereiro/2003

    "Se um jovem usa continuamente drogas alucinógenas, estimulantes ou depressoras do cérebro, é de se esperar que o fenômeno RAM retroalimente o efeito da droga no inconsciente, produzindo um rombo na liberdade de pensar e de sentir.
    De modo semelhante, uma pequena taquicardia com sensação de desmaio, ocorrida num elevador, se for retroalimentada pelo fenômeno RAM, pode transformar-se numa claustrofobia. Uma ofensa em público, se for retroalimentada, pode gerar um bloqueio social. Um medo súbito de que se vai morrer ou desmaiar num determinado momento, se for retroalimentado, pode se transformar em síndrome do pânico.
    Estes mecanismos psicológicos são universais e, portanto, estão presentes de diferentes maneiras na gênese de grande parte das doenças psíquicas. No caso das fobias, que representam uma aversão irracional e no caso da dependência de drogas, que representam uma atração irracional, os mecanismos de formação são tão semelhantes que podemos dizer que elas são pólos opostos da mesma moeda.

    Se ficarmos gravitando em torno dos nossos fracassos, continuaremos sendo fracassados. Se gravitarmos em torno de nossas frustrações, derrotas e faltas, continuaremos frustrados, angustiados, insatisfeitos e, o que é pior, não mudaremos os pilares de nossas vidas."

28/Fevereiro/2003

"Todos temos de saber que, dependendo de como retroalimentamos  nossas experiências, cavamos nossas próprias sepulturas. Se cuidamos da higiene bucal, por que não cuidamos dos pensamentos que são produzidos e registrados nos palcos de nossas mentes ? Limpamos as sujeiras do mundo físico, mas não as sujeiras da alma. Se quisermos ser pessoas doentes, o melhor caminho é não intervir nos pensamentos negativos e nas angústias que produzimos no secreto de nossos seres. Contudo, se desejamos ser livres, precisamos aprender a trabalhar os nossos pensamentos, a superar as nossas dores e a proteger as nossas emoções diante das turbulências da vida.
    Devemos deixar claro que os pensamentos e as emoções do presente não são importantes apenas no momento em que estão agindo no presente, mas porque são os alicerces do que seremos no futuro. O estresse de hoje, ainda que passe amanhã, poderá ser usado como material para confeccionar o estresse de depois de amanhã.

    A terapia multifocal principia quando começamos a deixar de ser espectadores da construção de nossos pensamentos e passamos a atuar nos papéis da memória. Quando um usuário começa a criticar seus pensamentos, emoções e desejos concernentes aos efeitos das drogas no silêncio de sua mente, ele começa a reescrever sua história. A dependência de drogas cria raízes nas pessoas passivas, mas se esfacela nos pacientes que a enfrentam."

03/Março/2003

 ATUANDO NA PRODUÇÃO DE PENSAMENTOS -  O fenômeno do Autofluxo

 
    "Quem consegue interromper a construção de pensamentos? Somente aquele que está morto. É impossível interrompê-la. A própria tentativa de interrupção já é um pensamento. Pensamos dormindo, nos sonhos, pensamos acordados, quando estamos trabalhando, andando ou dirigindo o carro.
    Pensar é o destino do homem; às vezes pensamos tanto que fazemos grandes viagens sem sair do lugar e em algumas situações, ficamos até aborrecidos conosco mesmos, pois não ouvimos nada do que as pessoas nos dizem. Por vezes, temos de fazer uma 'ginástica' para que elas não percebam que estamos 'viajando no mundo das idéias'.

    Quantos pensamentos produzimos hoje? Milhares e milhares. Quantos deles o 'eu', ou seja a vontade consciente, produziu com lógica e determinação? Já fiz essa pergunta a muitas pessoas, inclusive a intelectuais e a psicólogos e a resposta, quando pensada, tem sido sempre a mesma: a minoria dos pensamentos foi produzida pelo 'eu' e a maioria surgiu aleatoriamente no cenário da mente. Tais pessoas não sabem, mas, ao responder isso estão fazendo uma afirmação seríssima, que nunca foi estudada pela Psicologia."

05/Março/2003 

      "Vamos raciocinar: a maioria dos pensamentos que transitam em nossas mentes sobre pessoas, experiências passadas e futuras e problemas existenciais, de fato não foram programadas pelo eu. Não poucas vezes pensamos coisas absurdas, sem nenhuma ligação com o que estamos fazendo ou com o ambiente em que estamos. Se não foi a vontade consciente do eu que os produziu, quem os produziu então? Foi um fenômeno que chamo 'autofluxo'.
    O fenômeno autofluxo, como o próprio nome indica, é responsável por produzir um fluxo de pensamentos e emoções durante toda a história da vida humana, da meninice à velhice, da vigília ao sono. Ele produz milhares de leituras na memória, muitas vezes aleatoriamente.

    Qual o objetivo? Existem vários, e não há espaço para discorrer sobre eles neste livro, mas quero ressaltar apenas um desses objetivos: a produção da mais excelente fonte de entretenimento natural da espécie humana."

06/Março/2003 

"Vocês sabiam que a maior fonte de entretenimento não é a TV, a literatura, o esporte, o sexo ou qualquer outra atividade humana? O mundo mudou, a tecnologia bateu às nossas portas, os aparelhos de comunicação invadiram nossas salas, quartos e escritórios, mas a maior fonte de entretenimento continua intocável, imutável: é o mundo das idéias produzido pelo fenômeno do autofluxo.

    Como você gasta a maior parte do seu tempo? Pensando. Grande parte de nossas angústias, distrações, sonhos, apreensões e expectativas não são motivadas diretamente pelos estímulos externos, mas pelo conjunto de pensamentos que diariamente produzimos."

07/Março/2003 

"O mundo das idéias, produzido pelo autofluxo, é a maior fonte de prazer natural ou a maior fonte de terror humano. Se as idéias que produzimos nos estimularem a ter sonhos, metas, ideais e projetos, certamente nos induzirão ao prazer, mas se forem negativas, derrotistas e ligadas a doenças, à morte ou a  acidentes, então nos induzirão à angústia e ao humor deprimido.
    O grande problema é que, se as idéias produzidas pelo fenômeno do autofluxo forem negativas, elas serão registradas privilegiadamente pelo fenômeno RAM (registro automático da memória), retroalimentando assim, as nossas doenças: fobias, insegurança, obsessões e compulsão pelas drogas.

    Se esses mecanismos de funcionamento da mente fossem ensinados sistematicamente aos jovens, a Educação daria um salto, pois proporcionaria condições para que eles interviessem em seu próprio mundo, no território dos seus pensamentos e emoções."

10/Março/2003 

"Lembro-me que um de meus pacientes, um excelente jurista, disse-me que se tivesse compreendido desde pequeno esses mecanismos, ele não teria desenvolvido um quadro grave de obsessão. Ele produzia, diariamente, centenas de idéias fixas ligadas ao câncer; fazia o seu velório constantemente, embora tivesse ótima saúde. O fenômeno do autofluxo gerou nele uma longa história de terror, todavia, ele aprendeu a gerenciar tais idéias e a resgatar o prazer de viver. A compreensão desses fenômenos e mecanismos psicodinâmicos é extremamente útil para a psicoterapia e para a prevenção social.

    Se um jovem pensa continuamente nas drogas, mesmo que não esteja sob o seu efeito, estará expandindo o significado inconsciente delas. Assim, ao contrário do que muitos pensam, inclusive terapeutas, a alimentação do cárcere das drogas não é produzida apenas pelos efeitos que elas podem provocar, mas pelo universo de pensamentos e emoções produzidos pelo fenômeno do autofluxo."

11/Março/2003 

  "Aprender a administrar as idéias negativas e a gerenciar as emoções tensas é outro item da terapia multifocal. Neste aspecto, digo com modéstia, a terapia multifocal, freqüentemente, vai além das psicoterapias convencionais. Ela não trata apenas a doença psíquica, mas expande as funções mais importantes da inteligência do doente, até levá-lo a ser um pensador, um agente modificador da sua história, um administrador das suas emoções. Ela atua nos papéis da memória e nos fenômenos que constróem a inteligência e formam a personalidade e, se por um lado, ela é complexa, por outro é passível de ser compreendida e fácil de ser aplicada.

    Como a terapia multifocal atua nos papéis da memória e nos fenômenos que constróem as cadeias de pensamentos, ela não compete com outras terapias, tais como a psicanálise, o psicodrama, a comportamental, a cognitiva; pelo contrário, ajuda-as. Todas as terapias foram derivadas de teorias que estudaram a mente humana a partir do pensamento já elaborado, ou seja, a partir dos alicerces prontos. A multifocal começa pelo estudo dos alicerces da inteligência, ou seja, pelos fenômenos que lêem a memória, constróem a personalidade e estabelecem o funcionamento da mente. Portanto, mesmo se um terapeuta não quiser aplicar exclusivamente a terapia multifocal, ele pode muito bem conviver com sua psicoterapia tradicional, abraçando os alicerces da terapia multifocal."

12/Março/2003 

REESCREVENDO A MEMÓRIA -  Abrindo as Janelas da Mente

   
    "Tente fazer uma faxina nos porões de sua memória. Você não conseguirá ! Esforce-se para extrair todo sentimento de culpa, autopunição, rigidez e rejeição que foram registrados nela. Não terá êxito. É possível limpar as teias de aranha dos nossos tetos e fazer uma limpeza em nossas escrivaninhas, mas não é possível remover a sujeira contida em nossas memórias, somente é possível reescrevê-las.

    Os arquivos da memória contêm o tecido de nossas experiências conscientes e inconscientes. Tais arquivos jamais podem ser destruídos, a não ser involuntariamente, por meio de um tumor cerebral, um trauma craniano ou uma degeneração das células nervosas, como na doença de Alzhaimer. Destruir esses arquivos significaria destruir nossa consciência, esfacelar nossa identidade."

13/Março/2003 

      "Se tivéssemos a liberdade de passar uma 'borracha' em nossa memória, teríamos a vantagem de poder eliminar todas as misérias e todos os traumas contidos nela. Nos computadores, temos essa liberdade - em segundos, apagamos o trabalho feito durante anos. Entretanto, essa liberdade poderia gerar o maior desastre intelectual.     Correríamos o risco de cometer um suicídio contra nossa consciência, contra nossa capacidade de pensar, pois, num momento de angústia, poderíamos desejar esquecer todo o nosso passado e começar tudo de novo. Isso produziria a morte da identidade, não saberíamos mais quem somos, como estamos e onde estamos, tornar-nos-íamos animais irracionais, pois não teríamos mais a consciência da existência."

14/Março/2003 

   "O Criador deu muitas liberdades ao homem, inclusive a de negar a Sua própria existência, mas não lhe deu liberdade para mexer nos arquivos e deletar sua memória, pois isso conspiraria contra a própria liberdade: sem a memória, não poderíamos produzir pensamentos e tomar decisões. Desse modo, Ele protegeu a memória contra os ataques do eu, contra as possíveis crises que o homem atravessa. Apagar a memória é impossível, só é possível reeditá-la.

    Quem tem síndrome do pânico, obsessão por doença ou depressão e quiser ficar livre, tem de reescrever a sua história. Não há milagres no tratamento psicoterapêutico e psiquiátrico, independente da corrente psicoterapêutica usada, se houver sucesso no tratamento é porque, ainda que o terapeuta não tenha consciência, o paciente reescreveu os seus conflitos, aprendeu a gerenciar seus pensamentos e a usar os fenômenos do gatilho da memória, da âncora da memória, do autofluxo e do registro automático de memória (RAM)."

17/Março/2003 

   "Vamos recordar: o fenômeno do gatilho da memória é que inicia, a partir de um estímulo físico, tal como um elogio, ou psíquico, tal como um pensamento, a leitura da memória e produz as primeiras reações, impressões, sensações, sentimentos e pensamentos. Esse fenômeno desloca a âncora da memória, ou seja, o território de leitura para uma determinada região da memória e, consequentemente, confina a leitura do fenômeno do autofluxo a esta área. Assim, o paciente que está numa crise de pânico, numa crise compulsiva para usar drogas ou em outra crise emocional qualquer, produzirá idéias e emoções ligadas ao grupo de informações contidas nessa zona específica da memória.

    Para alguns, esse mecanismo pode ser difícil de ser entendido, mas certamente todos o vivem diariamente. Quantas vezes alguns problemas nos causam tantas preocupações que, detonando o gatilho, nos levam a pensar continuamente neles ? Queremos desviar o pensamento, mas não temos êxito. O que acontece nessa situação ? O gatilho desloca o território de leitura para uma área da memória e o fenômeno do autofluxo começa a lê-la continuamente, produzindo idéias fixas sobre o problema."

PS: Devido à guerra contra o IRAQUE, iniciada na madrugada de 20/Março, este projeto foi interrompido para a divulgação de mensagens Pró PAZ, durante esses dias. Temos a certeza de sua compreensão.

21/Março/2003 

    "Muitos não vivem o cárcere das drogas mas vivem o cárcere das preocupações e dos pensamentos antecipatórios. Pessoas assim têm uma vida intranqüila, não suportam contrariedades e vivem intensamente os problemas que ainda não ocorreram. Tornaram-se, de fato, os piores inimigos de si mesmas.
Precisamos aprender a gerenciar nossa inteligência, a administrar a usina de emoções que é produzida no cerne da alma, a resgatar a liderança do eu diante dos estímulos estressantes. Somente assim, poderemos reeditar os textos principais de nossas vidas.

24/Março/2003 

O RESGATE DA LIDERANÇA DO EU

 
 
    "O que é o EU ? O eu é a vontade consciente. É a consciência de que pensamos e de que podemos administrar os pensamentos. O eu, aqui, não quer dizer o ego de Freud, que é uma parte da estrutura da personalidade, nem quer dizer ego como vida natural da psique humana.

    Na teoria da inteligência multifocal, o eu é a identidade psíquica e social do homem. é a consciência que define quem somos, como estamos, onde estamos, qual o nosso papel e quais as nossas responsabilidades e habilidades sociais. Representa o centro consciente da personalidade, representa a motivação consciente do homem de atuar no seu mundo e ser um agente modificador da sua história. Portanto, por ser a identidade consciente do homem, o eu nunca se destrói, apenas de transforma. A única coisa que pode levar o eu à destruição é a morte ou a lesão da memória, mediante, como já disse, a ação de tumores e traumas cerebrais.."

25/Março/2003 

"Como o EU pode vir a  ser um agente modificador de sua vida, reescrevendo a sua história? Ele pode acrescentar, continuamente, novas experiências nos arquivos da memória, através da leitura de livros, aquisição de novas informações, produção de sonhos, metas e prioridades.

    Por que determinadas pessoas nunca mudam suas características doentias? Porque são pobres na sua criatividade, não têm sonhos nem metas, não questionam seus conceitos e paradigmas, são incapazes de indagar por que estão vivas e de procurar um sentido mais nobre para as suas vidas. São passantes existenciais, ou seja, passam pela vida sem nunca mergulhar dentro de si mesmas, sem ter consciência do espetáculo da vida, não se interiorizam, não aprendem a reconhecer seus erros nem a repensar sua maneira de ser e de reagir diante dos eventos que as circundam. Possuem um EU frágil, inseguro, instável, temeroso, incapaz de mudar as suas rotas psíquicas, sociais e profissionais

    Há pessoas que têm grande cultura, sendo até mesmo  consideradas intelectuais, mas permanecem imutáveis em seu orgulho, agressividade, impulsividade e ansiedade. São prisioneiras e infelizes, tais como os farmacodependentes, pois, se esses são controlados pela droga química,  elas o são pela droga do preconceito e da rigidez !"   

26/Março/2003 

O RESGATE DA LIDERANÇA DO EU NO FOCO DE TENSÃO

 
    "Como o EU pode acelerar o processo de se tornar um agente modificador da sua história? Por meio do resgate da sua liderança, 'no' e 'fora' do foco de tensão. Vejamos:
    O resgate da liderança do EU no foco de tensão refere-se ao gerenciamento das reações instantâneas (ansiedade, desespero, medo, impulsividade, etc.) detonadas pelo fenômeno do gatilho da memória. Se o EU tiver êxito em atuar nesse instante, ele não apenas domina o foco de tensão, mas também administra os territórios de leitura da âncora da memória e, consequentemente, recicla os pensamentos produzidos pelo fenômeno do autofluxo, principalmente se estes forem fixos e negativos.

    Exemplificando: se um paciente produzir em determinado momento um ataque de pânico, ele terá segundos para resgatar a liderança do EU, no foco de tensão, caso contrário, o palco de sua mente será invadido por pensamentos e emoções difíceis de serem administrados. Do mesmo modo, se um paciente começa a produzir, por meio do gatilho da memória, pensamentos negativos que aumentam o nível do humor deprimido, do transtorno obsessivo ou do desejo compulsivo de usar drogas, ele terá poucos momentos para atuar nesses pensamentos e emoções e reciclá-los."  

27/Março/2003 

 "Diante de qualquer foco de tensão, ou seja, diante de qualquer turbulência emocional e de pensamentos angustiantes, cumpre ao EU resgatar sua liderança e administrá-lo, discuti-lo, criticá-lo, dar-lhe um novo significado, silenciosamente, no palco da mente, caso contrário, o fenômeno do autofluxo dominará a inteligência.
    Por exemplo, há pessoas extremamente negativas, qualquer problema, por mínimo que seja, detona pensamentos negativistas. Se elas não atuarem em cada idéia e reação negativa, serão sempre vítimas de sua miséria e, o que é pior, estarão registrando de volta tais idéias e reações, acrescentando, dia-a-dia, mais tijolos na sepultura do seu negativismo.

    Recordo-me de um empresário que sofria de depressão e transtorno obsessivo, além disso, tinha uma grave timidez, que muitas vezes era interpretada como se ele fosse uma pessoa orgulhosa e insociável. Os tímidos são pessoas simples e humanas, mas vendem pessimamente a sua imagem. Na terapia, procurei fazê-lo compreender os papéis da memória e a resgatar a liderança do EU nos focos de tensão. Ele deu um grande salto na qualidade de vida."

28/Março/2003 

"Se os pais e as escolas ensinassem os alunos a intervir no seu mundo psíquico, teríamos homens menos doentes e muito mais saudáveis.
    De fato, um dos mais graves erros da educação familiar e escolar, bem como de alguns tipos de psicoterapias, é transformar o ser humano num espectador passivo de sua própria miséria. As doenças psíquicas, incluindo o cárcere das drogas, alojam-se em pessoas passivas, que não têm coragem de intervir nos focos de tensão.
    Repito sempre que o grande entrave no tratamento psicológico 'não é a doença do doente, mas o doente da doença'. A grande dificuldade é a disposição do EU em modificar a sua história e não a dimensão da sua doença. Às vezes, a doença não é grave, mas o doente é frágil, passivo, descrê de sua capacidade, vive a prática do coitadismo e do auto-abandono. Esse paciente é difícil de ser ajudado, pois é quase que impenetrável.

    Por outro lado, às vezes, a doença é mesmo grave, uma depressão séria ou uma dependência crônica de drogas, mas o paciente tem grande disposição de mudar a sua história e de atuar dentro de si mesmo, além disso, apesar de assumir que está doente, é inconformado com sua doença. Ele exige ser saudável e reivindica dentro de si mesmo o direito de ser livre e feliz. Um paciente assim, por mais grave que seja a sua doença, certamente sairá do seu cárcere. O problema não é ser doente, mas conformar-se em ser doente."

31/Março/2003 

"Solicito aos educadores que ensinem os seus alunos a serem agentes modificadores da sua história, que os estimulem a enfrentar os seus medos, a discutir consigo mesmos os seus conflitos, tal como a timidez.

    A timidez é uma fábrica de sofrimentos. Muitos jovens têm timidez patológica ou doentia e a educação clássica não faz nada por eles.
    Peço também aos professores que os estimulem a fazer, no palco de suas mentes, sem ninguém ouvir, uma mesa redonda com a insegurança, o complexo de inferioridade, o conflito com os pais, a agressividade e a dependência de drogas. Uma das coisas mais saudáveis que uma pessoa deveria fazer e não faz, é conversar consigo mesma e criticar o lixo que passa em suas mentes.
    Não podemos ficar esperando nossas crianças e nossos jovens ficarem doentes para depois tentar tratá-los. Isso é injusto e desumano. As doenças psíquicas impõem grande sofrimento e podem apagar o brilho da vida."

01/Abril/2003 

"A Educação tem uma tarefa mais nobre do que a Psicologia e a Psiquiatria clínica. Estas, tratam do homem doente; aquela, forma ou deveria formar, um homem saudável. Quanto mais eficiente for a Educação, menos espaço a Psiquiatria e a Psicologia clínica terão nas sociedades modernas, todavia, quanto menos eficiente ela for, mais essas duas ciências serão imprescindíveis nas sociedades modernas. Infelizmente, nossos consultórios estão cheios.     Não há gigantes no território da emoção ! Todos somos aprendizes na escola da vida, quer sejamos psiquiatras ou pacientes. Se o EU aprender a intervir com lucidez, crítica e determinação, nos pensamentos e emoções tensas e negativas, ele pode gerenciá-los, controlá-los e, consequentemente, reescrevê-los."

02/Abril/2003 

AS DOENÇAS PSÍQUICAS NÃO SE RESOLVEM COM UM GOLPE DE BISTURI

         "Os pacientes que são médicos cirurgiões costumam ter uma grande dificuldade adicional na terapia, em relação aos demais. Por quê ? Porque apesar de cultos, eles estão acostumados a resolver tudo com um 'bisturi': retiram um tumor, um cálculo renal, uma úlcera e, em pouco tempo, suturam o doente. Entretanto, não dá para usar um 'bisturi' no campo da energia psíquica. Não é possível reorganizar a depressão, as fobias e a irritabilidade num golpe de mágica.     Vezes há em que, após algumas sessões de terapia, o paciente já apresenta significativas melhoras no seu quadro depressivo e ansioso, todavia, eu já os preparo para possíveis recaídas."

03/Abril/2003 

    "As recaídas ocorrem, mesmo no caso do cárcere da dependência, porque há arquivos doentios que estão presentes na memória e não foram reescritos. Quando o paciente passa por um foco de tensão, o fenômeno do gatilho da memória produz imediatamente reações emocionais que deslocam a âncora da memória para esses arquivos doentios.

    Nesse momento, acontece a recaída e entra em ação o fenômeno do autofluxoEle começa a ler continuamente as informações contidas nesse território, realimentando as doenças psíquicas. No caso das depressões e das doenças ansiosas, o fenômeno do autofluxo gerará cadeias de pensamentos negativos, fóbicos, tensos que, quando registrados, financiarão a perpetuação dessas cadeias.
    O mesmo acontece com as drogas. Os dependentes têm um 'monstro' no inconsciente que, às vezes cochila, mas ainda não está exterminado. As experiências sobre as drogas ocupam áreas importantes da memória.
    O paciente pode estar bem, sem usar drogas há semanas ou meses, então, de repente, diante de um foco de tensão, que pode ser uma perda, um humor deprimido, uma ofensa, uma oferta de droga ou até mesmo a imagem de uma pessoa usando-a, o gatilho da memória pode ser detonado e gerar o desejo de usá-las. Mas é possível que a pessoa ainda esteja firme e determinada em não sucumbir, todavia, o gatilho da memória não apenas gera cadeias de pensamentos sobre as drogas e o desejo de usá-las, mas também, desloca a âncora para áreas críticas da memória, onde estão arquivadas milhares de experiências sobre elas, o que torna o problema ainda mais difícil."

04/Abril/2003 

  "Se o paciente não resgatar a liderança do EU nos focos de tensão, se não aprender a administrar seus pensamentos e emoções nestas situações, ele será dominado pelo desejo compulsivo, mas se, ao contrário, resgatar a liderança do EU, sairá vitorioso,  não apenas superando o foco de tensão e vencendo o desejo compulsivo das drogas, mas também reescrevendo a sua história inconsciente, pois a experiência da superação, que tiver, será registrada na memória, vencendo mais uma batalha e reescrevendo mais um capítulo de sua vida.

    Se recair, deve tomar cuidado, pois o fenômeno do autofluxo continuará produzindo cada vez mais pensamentos e emoções, que o farão gravitar em torno da droga. As novas experiências serão registradas aumentando, assim, a imagem da droga no inconsciente. Contudo, se ele recair e, em seguida, resgatar a liderança do EU, criticar com lucidez sua recaída, refizer suas energias e não se deixar estrangular pelos sentimento de culpa, baixa auto-estima e sentimento de auto-abandono, então a recaída poderá torná-lo mais forte. Desafortunadamente, os terapeutas raramente tomam conhecimento desses mecanismos."

07/Abril/2003 

 "No tratamento de consultório e não no de internação, nós, ainda que peçamos abstenção absoluta das drogas ao paciente, devemos abrir uma janela do fundo e prepará-lo para uma possível derrota temporária. Todavia, dificilmente, algum terapeuta abre essa janela, não apenas porque desconhecem o funcionamento da mente, mas porque têm um medo ingênuo de que este preparo possa estimular a recaída. Por isso, quando ocorre uma recaída, ela é extremamente destrutiva, pois gera um derrotismo e um sentimento de culpa insuportáveis, que conduzem o paciente a se afundar novamente nos pântanos do cárcere da dependência.

    Devemos, também, preparar os pacientes portadores de depressão, síndrome do pânico e transtornos obsessivos para possíveis recaídas. Temos a responsabilidade de torná-los mais fortes depois de uma recaída, caso contrário, quando ela ocorrer, eles abandonarão o tratamento e serão vítimas da fábrica de pensamentos negativos e de emoções angustiantes produzidas pelo fenômeno do autofluxo. Recair, mas levantar rápido e tornar-se mais sólido, deveria ser um lema de vida para todos aqueles que querem ser livres da Pior Prisão do Mundo."

08/Abril/2003 

     "É muito melhor não recair, pois uma recaída sempre retroalimenta as imagens doentias no inconsciente da memória, mas o pior é não saber o que fazer com uma recaída. Se o sentimento de culpa, de auto-abandono e de baixa auto-estima ocuparem o palco da mente de um paciente, então sua recaída será prolongada, trará grandes sofrimentos e retroalimentará o seu transtorno psíquico ou a sua dependência.

    A terapia multifocal objetiva que o paciente continue o processo psicoterapêutico nos territórios onde ele vive e atua. É um grande engano fazer com que os pacientes só se tratem quando estão diante de um terapeuta, seja ele um psiquiatra, um psicólogo, um agente de saúde, ou mesmo quando estão internados. Eles devem continuar o tratamento nos territórios sinuosos de suas vidas."

09/Abril/2003 

"Nunca seremos, plenamente, líderes de nós mesmos, nunca controlaremos todos os nossos pensamentos e emoções, mas isso não quer dizer que nossas mentes sejam um barco que navega ao sabor dos ventos. Podemos não controlar muitas variáveis que dão instabilidade às ondas de nossas emoções, mas podemos tomar o leme da inteligência e atingir nossos objetivos."

10/Abril/2003 

O RESGATE DA LIDERANÇA DO EU 'FORA' DO FOCO DE TENSÃO -    Reescrevendo a História


   "Os pacientes dependentes precisam aprender a não apenas resgatar a liderança do EU nos focos de tensão, mas também fora deles.
    Por quê ? Porque é insuficiente que ele atue apenas quando se detona o gatilho do desejo compulsivo de usar drogas. É necessário, também, que ele reescreva a sua história fora dos focos de tensão, ou seja, quando o ambiente emocional está tranqüilo, para que possa acelerar a reorganização dos arquivos. Aqueles que mais atuam nesta fase, têm mais possibilidades de ficarem livres, logo, do cárcere da emoção, por outro lado, os que esperam estar debaixo de um foco de tensão para atuar dentro de si mesmos, libertam-se mais lentamente.

    Como fazer isto? Imaginem a memória como sendo uma imensa cidade: nela, há vários bairros, com várias ruas, com vários endereços residenciais. Cada uma dessas residências é como se fosse uma experiência existencial. Existem casas simples, que simbolizam experiências de pouca emoção. Há, entretanto, outras casas imensas, verdadeiros palácios, que simbolizam experiências de intensa emoção."

11/Abril/2003 

"Entre as experiências marcantes, estão as produzidas pelas drogas. Não é fácil reescrevê-las, pois não sabemos onde elas estão registradas no córtex cerebral. Não sabemos, nem mesmo, como elas foram arquivadas e quais as conexões e proximidades que possuem com as experiências saudáveis. Diante disso, repito a indagação: como reescrevê-las e como acelerar este processo ? Como resgatar a liderança do EU fora dos focos de tensão, ou seja, quando tudo está calmo ?

    Somente fazer terapia e compreender as causas conscientes da doença, é insuficiente, do mesmo modo, resgatar a liderança do EU quando o gatilho da compulsão é detonado, também é pouco. É preciso atingir outros braços da terapia multifocal, pois não sabemos qual o lócus dessas experiência e não temos como eliminá-las. A solução alternativa que nos resta é construir idéias saudáveis, criativas e críticas, dezenas de vezes, tanto a favor da vida como contra a dependência das drogas, bem como contra a fragilidade e a passividade do EU."

14/Abril/2003 

"Os usuários de drogas, bem como os portadores de outras doenças, precisam fazer, no silêncio de suas mentes, uma mesa redonda para discutir suas atitudes impensadas, suas incoerências, sua dificuldade em lidar com as frustrações e em superar suas dores. Essa é a técnica do resgate da liderança do EU fora dos focos de tensão, pois cada pensamento novo, crítico, que seja regado a reflexão e sabedoria vai sendo continuamente registrado, reescrevendo a história inconsciente e desorganizando o cárcere das drogas, da claustrofobia, da cleptomania, da síndrome do pânico ou de outros transtornos depressivos.

    Reescrever a história inconsciente, por meio do resgate da liderança do EU fora dos focos de tensão, é um brinde à liberdade. Esta técnica precisa ser utilizada todos os dias, de segunda a segunda, por um período mais ou menos longo. É necessário usá-la com honestidade, inteligência e espontaneidade, dentro dos limites da criatividade de cada um, como se o paciente fosse um engenheiro de idéias."

15/Abril/2003 

   "Atuar nos 'focos de tensão' produz o alívio imediato e atuar nos arquivos que estão fora dos focos de tensão reorganiza a história e produz as raízes da saúde psíquica.

    Os pacientes que estão internados devem fazer um inventário de suas experiências todos os dias, se possível, reconstruir as mais importantes, tais como suas recaídas, os momentos de influência de amigos, os momentos de solidão, as dores que não superaram e os efeitos das drogas em cada uma dessas situações. Eles devem dar um novo significado a elas, para que possam reescrevê-las. Este procedimento, associado às técnicas psicoterapêuticas, dá profundidade ao tratamento e acelera-o.
    É indispensável irrigar nossos pacientes com esperança. É preciso fazê-los mais fortes, ousados e determinados, mesmo após possíveis recaídas. É preciso levá-los a compreender quão necessário é enxergar as doenças como se fossem um livro, com muitos capítulos, ou uma guerra, com muitas batalhas.

    Um capítulo com cenas dramáticas não quer dizer um livro sem final feliz. Nem a perda de algumas batalhas quer dizer a perda de uma guerra. Desistir nunca, perseverar sempre."

16 e 17/Abril/2003 

  PASSOS ESTRATÉGICOS PARA O TRATAMENTO DA TERAPIA MULTIFOCAL

 
    "Estes passos podem ser usados como metas em qualquer tipo de tratamento e psicoterapia. Cada passo deve ser vivido, semanalmente, como uma meta a ser alcançada. Deve ser pensado, refletido e proclamado, no silêncio da mente, dezenas de vezes por dia, com inteligência e criatividade. Eles complementam os clássicos passos dos AA (Alcoólicos Anônimos):
    1. Declaro que a liberdade e o prazer de viver são meus direitos, independentemente das intempéries da vida que estou atravessando. Não preciso do efeito das drogas para ser livre e feliz.
    2. Estou consciente de que a dependência e a mentira são amigos íntimos. Declaro que fico livre, tanto da dependência como da mentira. Assim como o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo, declarou com autenticidade que sua alma estava angustiada antes de morrer, também eu decido falar dos meus sentimentos e desejos com sinceridade. Viverei a arte da autenticidade.
    3. Reconheço a minha doença, mas decido, convictamente, que não quero ser um doente (farmacodependente, deprimido, obsessivo, etc.).
    4. Enfrento sem medo as minhas dores emocionais (ansiedade, angústia, frustração, humor deprimido) e as trabalho com dignidade e sabedoria, pensando antes de reagir.
    5. Estou consciente de que, uma vez dependente, o meu problema não é mais apenas a droga fora de mim, mas a imagem dela registrada na minha memória, no meu inconsciente. Portanto, reescrevo a minha memória a cada momento com idéias saudáveis e inteligentes.
    6. Critico todas as idéias e pensamentos negativos que povoam o palco da minha mente e que me desanimam de reconstruir uma nova vida. Transformo os meus invernos em belas primaveras.
    7. Resgato a liderança do EU nos focos de tensão gerados pelas minhas perdas, dificuldades e frustrações e, consequentemente, domino o gatilho da memória que produz a ansiedade, o humor deprimido e a compulsão pelas drogas.
    8. Nunca vou desistir de mim. Determino a abstenção completa das drogas, incluindo o álcool. Todavia, se eu recair, redobrarei o meu ânimo e recomeçarei imediatamente o meu tratamento, não me afogarei no sentimento de culpa e de auto-abandono.
    9. Posso perder algumas batalhas, mas não perco a guerra contra a minha doença psíquica. Supero todo fracasso, angústia e desmotivação. Construo um oásis em cada deserto que atravesso.
    10. Tenho plena convicção de que o autor da existência, DEUS, me criou para ser livre, alegre e saudável. Por isso, eu O amo com toda a minha alma, força e inteligência, bem como a vida que ELE me deu."
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