CAPÍTULO 1: "A PIOR PRISÃO DO MUNDO"

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31/Julho:

"A Pior Prisão do Mundo é aquela que aprisiona a emoção humana e nos impede de sermos livres e felizes. Ninguém pode contemplar o BELO e irrigar sua vida com sentido se for prisioneiro dentro de si mesmo.
Quem está aprisionado exteriormente, por barras de ferro, ainda pode ser livre para pensar e sentir. Quem é prisioneiro interiormente, no âmago da sua alma, além de perder a liberdade de pensar e sentir, perde também o encanto pela vida, esmaga o mais belo elo da existência."

01/Agosto

"Não podemos desconsiderar os números. Milhões de jovens e adultos de todas as raças, culturas e condições sociais têm se submetido ao uso contínuo de substâncias psicoativas, ou seja, drogas que têm efeitos na psique. Ninguém, que se interessa pelos grandes acontecimentos da humanidade, pode se furtar de tentar entender esse grave problema social e descobrir quais são os motivos que impedem que a guerra contra o uso de drogas chegue ao fim. Por que as grandes e dispendiosas campanhas de repressão, envolvendo batalhões de soldados e aparelhos de rastreamento, não exterminam o tráfico de drogas ? O que faz com que os projetos de prevenção tenham resultados tão aquém dos esperados ?
É preciso compreender o problema sob outra perspectiva. É preciso entender alguns mecanismos fundamentais do funcionamento da mente. Podemos não ser aprisionados pela droga química, mas certamente o somos pelos transtornos depressivos, pelas fobias, pelas reações impulsivas, pela incapacidade de pensar antes de reagir, pelos pensamentos negativos, pela solidão, pela crise do diálogo, pela ansiedade ou pelo estresse."

02/Agosto

"Os farmacodependentes não são prisioneiros da dependência psicológica das drogas 24 horas por dia. O grau de dependência dependerá do tipo de personalidade do usuário, do tipo de droga usada, da freqüência do uso e do tipo de organismo. Contudo, mesmo nas dependências mais leves, quando o Gatilho da Memória é detonado, tais pessoas começam a ter um desejo compulsivo que trava suas inteligências. Esse desejo aumenta muito o nível de ansiedade, podendo gerar até sintomas psicossomáticos. Por isso, os usuários possuem, em determinados momentos, uma atração pelas drogas, e procuram uma nova dose para tentar se aliviar.
Uma pessoa portadora de fobia, tal como a de elevador (claustrofobia), tem reações semelhantes às de um dependente, só que opostas. Diante de um elevador ou de um lugar fechado, detona-se o Gatilho da Memória, gerando reações angustiantes que travam sua capacidade de pensar."

05/Agosto

"Os portadores de fobia possuem uma aversão compulsiva pelo objeto fóbico e os portadores de dependência, ao contrário, possuem uma atração compulsiva pelas drogas.
Os usuários contínuos de cocaína, crack, heroína e outras drogas têm poucos momentos de alegria e liberdade. São prisioneiros e infelizes, pois com a instalação sorrateira da dependência, eles precisarão cada vez mais dos efeitos das drogas para estimularem a emoção."

06/Agosto

"Nada é mais dramático do que depender de uma substância ínfima para obter algum prazer emocional. Porém, o drama ainda não está completo. À medida que se agrava a dependência, o território da emoção dos usuários mergulha em estado de angústia, ansiedade e irritabilidade. Portanto, nesta nova fase, eles procurarão os efeitos das drogas, não para obter prazer, mas para tentar aliviar a dor decorrente do aprisionamento da alma. No início, drogavam-se porque as drogas produziam um oásis, porém, agora, drogam-se porque o oásis também se tornou seco e sem vida, como o deserto."

07/Agosto

"As sociedades estão se democratizando cada vez mais e propiciando a liberdade exterior, todavia, paradoxalmente, em virtude da pulverização das doenças psíquicas, estamos cada vez menos livres por dentro. A farmacodependência, bem como outros transtornos psíquicos, são sinais de que o homem moderno, independentemente dos grandes saltos que deu neste último século não é livre, saudável e alegre. Só não consegue ler esses sinais quem é incapaz de enxergar com os olhos do coração. Temos de olhar para dentro de nós mesmos e fazer uma revisão de vida."


08/Agosto

UM FENÔMENO REMOTO

"Desde os primórdios da civilização humana, o homem tem conhecido e feito uso das drogas psicotrópicas. As drogas são substâncias capazes de atuar na alma ou psique, alterando seus processos cognitivos: emoções, pensamentos, raciocínios, memória, vontade, etc.
A história antiga revela que há milhares de anos muitos povos já produziam e consumiam bebidas que continham álcool etílico. Relatos históricos também revelam que a maconha era conhecida na China, desde 2.737 a.C., Hipócrates, o pai da Medicina, recomendava o uso do ópio como medicamento para várias afecções. Os índios dos Alpes Andinos, há séculos, mascam as folhas da coca, de onde se extrai a cocaína.
Como podemos perceber, o fenômeno do uso de drogas psicotrópicas é historicamente remoto. Porém, é na atualidade que ele está se intensificando muito, tornando-se um dos problemas sociais mais graves das sociedades modernas. No momento atual, isso tem a ver não apenas com a vontade pura e simples do agente usuário, ou daquele que procura experimentar drogas, mas também e, principalmente, com as transformações sociais que as sociedades, onde eles estão inseridos, têm sofrido."

09/Agosto

"Embora o fenômeno do uso de drogas psicotrópicas seja historicamente remoto, atualmente está se intensificando, principalmente, pelas transformações sociais que as sociedades têm sofrido, tais como:
a) A crise do diálogo familiar. Pais e Filhos gastam horas e horas ouvindo os personagens da TV, mas não gastam minutos dialogando e trocando experiências uns com os outros.
b) O homem conhece cada vez mais o mundo em que está (físico e social), mas não o mundo que é (psíquico). As crianças conhecem cada vez mais o imenso espaço e o pequeno átomo, mas não conhecem a construção da inteligência e o funcionamento da sua própria mente. Esta carência de interiorização educacional faz com que elas percam a melhor oportunidade de desenvolver as funções mais profundas da inteligência: a capacidade de analisar seus comportamentos e conseqüências e perceber seus limites; a capacidade de autocriticar-se e dar respostas mais maduras para as suas frustrações e sofrimentos; a capacidade de compreender a construção das relações humanas e aprender a se colocar no lugar do outro, entre tantas.
c) A descoberta e o uso intensivo, tantas vezes indiscriminado, dos medicamentos psicotrópicos para os diversos tipos de transtornos psicológicos. Não devemos ignorar que os medicamentos também podem causar dependência física e/ou psicológica quando usados inadequadamente."


12/Agosto

O QUE PODEMOS FAZER

"Compreender as causas básicas do uso de drogas e de outras doenças psíquicas nos fará tomar medidas preventivas no campo educacional (...)
(...) Embora o tratamento seja importante, precisamos reforçar a tese de que o que mais necessitamos é investir nossas energias no campo da prevenção. É melhor, mais compensador e menos oneroso, social e financeiramente, prevenir que as pessoas usem drogas do que tratá-las posteriormente quando se tornam dependentes."

13/Agosto

"A contribuição maior deste trabalho é oferecer informações para diversos segmentos da sociedade:
1. Para pais e educadores que, em razão de suas posições e funções, são responsáveis pela formação da personalidade dos jovens.
2. Para jovens que nunca experimentaram drogas, visando a orientá-los para que não caiam no ardil deste falso mundo-caleidoscópio.
3. Para jovens ou adultos usuários. Se, por um lado, um 'amontoado de palavras escritas' não é suficiente para solucionar os graves problemas que enfrentam, por outro, podem propiciar mecanismos de ajuda para que vençam a mais drástica e insidiosa prisão humana.
4. Para agentes terapêuticos: médicos, psiquiatras, psicólogos, agentes de casas de recuperação.
5. Para profissionais de recursos humanos, cuja função é procurar melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários e desenvolver áreas importantes da inteligência e da relação social deles no trabalho.
6. Para pessoas interessadas em conhecer o funcionamento da mente, (...) expandir a qualidade de vida e ajudar a superar outros tipos de cárceres da emoção."


14/Agosto

POR QUE ESCREVER SOBRE O CÁRCERE DA DEPENDÊNCIA

"Os fenômenos que atuam nos bastidores da mente humana e 'financiam' o cárcere da dependência são extremamente complexos. Esse cárcere é um dos maiores desafios da Ciência e um dos assuntos mais importantes da atualidade (...).
(...) Quando nos colocamos como aprendizes diante da vida, é possível expandir nossa capacidade de pensar, ainda que tenhamos erros, fragilidades e percalços existenciais. Todos os que, sobre os alicerces do seu orgulho, diplomam-se na vida, matam sua maravilhosa capacidade de aprender. Na vida, ninguém se diploma e todos nós devemos ser eternos aprendizes."

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