RESUMO BIBLIOGRÁFICO (*05/07/1882 + 01/01/1954):
José Maria Tescari nasceu em Leguano, província de Verona, na bela Itália, em 05 de Julho de 1882. Estudou violino e harmonia com seu pai, Domingos Tescari, que era professor do Conservatório de Gênova.
Aos 8 anos de idade deu seu primeiro concerto, tocando com seu pai e duas irmãs para o Rei Humberto I.
Em 1894, com 12 anos de idade, veio para o Brasil, continuando seus estudos no Colégio São Luís, da cidade de Itu, onde seu pai passou a lecionar.
Após concluir seus estudos, atuou e lecionou nas cidades de Itu, Araraquara e Rio de Janeiro, fixando-se, definitivamente, em Araraquara, por volta de 1913.
Foi um dos fundadores, em 1928, do Conservatório Dramático e Musical de Araraquara, uma das primeiras escolas do gênero no Estado de São Paulo. Ali lecionou violino, piano, teoria musical e harmonia.
Em 1943, fundou a Orquestra Sinfônica de Araraquara e, em 1947, o Quarteto de Cordas.
Organista e regente da Igreja Matriz de São Bento, e igrejas do Carmo e Santa Cruz, atuou também como diretor da pequena orquestra que se apresentava durante as exibições nos cines Bijou e Polytheama, sonorizando com sua música as exibições do cinema-mudo.
Compositor versátil, escreveu impressionante acervo musical, que varia de pequenas e graciosas canções e sinfonias, operetas e operas, além de muitas peças sacras.
Conectado com os tempos, o dele e o nosso, escreveu, assinando com o próprio nome ou com os pseudônimos de Jostes, Portes ou Achilles Milles, inúmeros textos para o Jornal O Imparcial, onde se percebe, pela conjunção de um teor crítico e da observação criativa e bem humorada, a presença de um homem que praticou o exercício de lançar um olhar e também um ouvir para a paisagem visual e sonora de nosso tempo !!!
O compositor e maestro José Maria Tescari faleceu em 1º de Janeiro de 1954, com 71 anos de idade.
Fonte: SESC Araraquara
"Às Avessas"
Decididamente a humanidade está tomada inteiramente pela mania da velocidade.
Ninguém mais, hoje, se contenta em fazer as duas léguas que separam a cidade de sua fazenda, em duas horas, encarapitado num paciente bucéfalo, ou rodando barulhentamente num troly, arrastando-se penosamente num estradão poeirento e vermelhão...
Hoje, as distâncias estão reduzidas... pela velocidade.
Antigamente, batíamos por esta estrada afora, para ir até Américo Brasiliense... e levávamos uma hora e meia... bem puxada !
Hoje... com o mania da velocidade... chega-se no Américo em menos de 20 minutos. E daqui a 50 anos ?
Parece-me estar vendo o progresso da velocidade. (...)
Os correios não existirão mais. Pra quê ?
A carta, por meio de ondas hertzianas, chegará ao destino voando pelo espaço, em poucos minutos.
Trem de ferro ? Pra quê ?
O aeroplano, irá daqui a São Paulo em 15 minutos, numa velocidade de 600 quilômetros por hora...
E os jornais ? Pra quê ?
Uma folha sairá de hora em hora, com as últimas notícias, compostas em máquinas que farão 200 linhas por minuto. (...)
O Telegrama será uma coisa antiquada ! Imaginem a risada de escárnio dos nossos vindouros, quando ao ler os velhos livros... encontrarem a descrição do telégrafo. (...).
(Jostes)
"A Tabuleta"
Quando nos tempos de outrora, cavalgando um bucéfalo, sob um sol tropical, vencia-se a distância daqui à fazenda Jangada Brava, em três horas e pico, a ponte do Jacaré não existia.
A passagem era à vão. E o cavalo gostava daquele banho improvisado.
E a gente também sentia um refrigério momentâneo ao atravessar aquelas águas que, silenciosamente, deslizavam como num andar parado...
Era um contínuo andar... andar... em demanda de outros rios maiores, que também andam... deslizam e, não acabam nunca de deslizar entre as margens verdes, silenciosas e tristes...
Mas... de vez em quando, no tempo das chuvas... o Jacaré transbordava e transformava-se num lençol sem fim...
E a passagem à vão era perigosa.
Daí uma medida para acautelar o viandante distraído naquela estirada de léguas e léguas, no lombo de um burro qualquer...
E a medida acauteladora veio. Foi colocada, na vazante, uma tabuleta com os seguintes dizeres:
"Quando esta tabuleta estiver coberta de água... é perigoso atravessar o rio..."
E o viandante distraído, não vendo a tabuleta...
(Jostes)
" Prelúdio Nº 6"
José Maria Tescari - Prelúdio Nº
6
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