www.nossosaopaulo.com.br

ARTUR AZEVEDO - "O Consolidador da Comédia de Costumes"

RESUMO BIOGRÁFICO (*07/07/1855 + 22/10/1908):

Artur Nabantino Gonçalves Azevedo, muitas vezes denominado Arthur Azevedo, nasceu em 7 de julho de 1855, em São Luís do Maranhão-MA.

Com 15 anos escreveu sua primeira peça Amor por Anexins. Em 1873, aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro onde começou sua carreira como jornalista.

Trabalhou nos jornais "O Paiz", "Correio da Manhã", "O Século" e foi crítico teatral em "A Notícia" e fundou as revistas "O Domingo", "Revista dos Teatros", "A Gazetinha" e "O Álbum".

Suas atividades iniciais no teatro se deram, a princípio, na tradução livre e na adaptação de comédias francesas. A Filha de Maria Angu, foi seu primeiro sucesso teatral, foi uma imitação brasileira da opereta francesa "La Fille de Mme. Angot". Traduziu ao longo de sua carreira cerca de 40 peças para o teatro.

No final do século XIX, Artur Azevedo dominou o cenário teatral brasileiro. Deixou cerca de 25 comédias, 19 revistas-de-ano e 20 operetas e burletas. Além disso, foi um dos responsáveis pela construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, inaugurado logo após a sua morte ocorrida em 22 de outubro de 1908.

Artur Azevedo foi o consolidador da comédia de costumes iniciada por Martins Pena. Autor muito popular, retratou os costumes da sociedade brasileira do final da Monarquia e início da República.

“ À MINHA NOIVA ”

“ ' Tu és flor; as tuas pétalas
orvalho lúbrico molha;
eu sou flor que se desfolha
no verde chão do jardim.'
Têm por moda agora os líricos
versos fazer neste estilo...
— Tu és isso, eu sou aquilo,
tu és assado, eu assim...
Às negaças deste gênero,
Carlotinha, não resisto:
vou dizer que tu és isto,
que aquilo sou vou dizer;
tu és um pé de camélia,
eu sou triste pé de alface,
tu és a aurora que nasce,
eu sou fogueira a morrer.
Tu és a vaga pacífica,
eu sou a onda encrespada,
tu és tudo, eu não sou nada,
nem por descuido doutor;
tu és de Deus uma lágrima,
eu sou de suor um pingo,
eu sou no amor o gardingo,
tu Hermengarda no amor.
Os fatos restabeleçam-se,
ó dona dos pés pequenos:
eu sou homem — nada menos,
tu és mulher — nada mais;
eu sou funcionário público,
tu minha esposa bem cedo,
eu sou Artur Azevedo,
tu és Carlota Morais.

“ ETERNA DOR ”

Já te esqueceram todos neste mundo.
Só eu, meu doce amor, só eu me lembro,
Daquela escura noite de setembro
Em que da cova te deixei no fundo.

Desde esse dia um látego iracundo
Açoitando-me está, membro por membro.
Por isso que de ti não me deslembro,
Nem com outra te meço ou te confundo.

Quando, entre os brancos mausoléus, perdido,
Vou chorar minha acerba desventura,
Eu tenho a sensação de haver morrido!

E até, meu doce amor, se me afigura,
Ao beijar o teu túmulo esquecido,
Que beijo a minha própria sepultura!

“ ARRUFOS ”

Não há no mundo quem amantes visse
Que se quisessem como nos queremos...
Um dia, uma questiúncula tivemos
Por um simples capricho, uma tolice.

— "Acabemos com isto!", ela me disse,
E eu respondi-lhe assim — "Pois acabemos!"
E fiz o que se faz em tais extremos:
Tomei do meu chapéu com fanfarrice.

E, tendo um gesto de desdém profundo,
Saí cantarolando... (Está bem visto
Que a forma, aí, contrafazia o fundo).

Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
Nem minha mãe, volvendo agora ao mundo,
Eram capazes de acabar com isto!


Portal Nosso São Paulo - www.nossosaopaulo.com.br