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 TRIBUTO AO DIA DAS MÃES
"O Cravo Branco de Anna Jarvis",
a Criadora desse dia !

"É uma maldição que os homens tenham de mercadejar com tudo quanto é belo, santo e puro? Por favor, peça que retirem o "Dia das Mães" dos balcões e caixas registradoras.
Enfeitem-no com Bondade e Alegria, contabilizem-no no coração ! Eles podem fazer isto !".

Certo dia, em 1925, uma mulher alta e enérgica, de aspecto decidido, entrou num hotel de Filadélfia e encaminhou-se na direção de um grupo de senhoras da Associação das Mães de Veteranos de Guerra, reunidas na convenção.
Censurou-as, denunciando-as por venderem o "cravo branco", símbolo do Dia das Mães, por preços extravagantes e extorsivos. Diversas pessoas tentaram interrompê-la, mas a sua invectiva era fria e obstinada. Finalmente foi chamado um policial. A dama foi presa sob a alegação de perturbar a ordem. Assim terminava mais um incidente na atribulada carreira de Anna Jarvis, a CRIADORA DO DIA DAS MÃES.

Quando o juiz, constrangido, pôs Anna Jarvis em liberdade, um repórter foi visitá-la em sua casa, à Rua 12 Norte, em Filadélfia. A bela mulher de cabelos brancos e 60 anos de idade, estava sentada numa cadeira de espaldar reto e seu olhar estava posto no retrato de sua mãe. O jornalista perguntou-lhe:

- Por quê a senhora não desiste ? Está lutando contra o mundo, sozinha ! Deveria orgulhar-se por ser a criadora do Dia das Mães.
- O Dia das Mães foi transformado num comércio sórdido. O senhor leu o que escrevi ao Presidente Coolidge ?
O rapaz acenou afirmativamente. A carta fora publicada pelos jornais. Em um certo tópico, Anna Jarvis dizia: "Estou tentando, de todas as maneiras ao meu alcance, evitar que o Dia das Mães seja aviltado por certa classe de indivíduos e organizações que vêem nele apenas um meio para ganhar dinheiro".
- Mas. Retrucou o repórter, - afinal foi a senhora mesma quem instou durante anos para que o cravo branco fosse transformado em símbolo do Dia das Mães. Foi a senhora quem insistiu para que todos mandassem mensagens de carinho às Mães, por telegrama ou carta.
- O senhor está dizendo que o meu triunfo é, também, o meu fracasso. Está bem ! Você tem razão, meu rapaz ! Este é o paradoxo da minha vida.

Mas não era o único paradoxo na vida de Anna Jarvis. Embora fosse uma mulher extremamente bela, jamais se casara. Nascera em 1864, em Grafton, Virgínia Ocidental, onde crescera, transformando-se numa beldade esbelta e ruiva. Por quê uma jovem assim teria permanecido solteira ? Um amigo da família contou. "Anna teve um caso de amor mal sucedido e isso deixou-a abalada e desiludida. Daí por diante deu as costas a todos os homens".

Ao sair da Faculdade Mary Baldwin, em 1883, dedicara-se ao magistério em Grafton. Não que precisasse do salário. Sua mãe, viúva, gozava de boa situação. Alguns anos mais tarde, Anna, sua mãe e sua irmã mais nova, Elsinore, que era cega, mudaram-se para Filadélfia. Anna empregou-se como assistente no departamento de publicidade de uma companhia de seguros. Assim viveu dos 20 aos 40 anos. Então, em 1905, a Sra. Jarvis faleceu. Foi um golpe terrível que, entretanto, marcou o início de nova e vital etapa na vida de Anna. Contava ela, então, 41 anos, era dona de uma bela casa, tutora da irmã cega e principal beneficiária da herança materna.
Enquanto decorriam os dias longos, o coração clamando pela presença materna, uma visão tomou corpo em seu espírito: a instituição de um dia consagrado às Mães.

Sugeriu a idéia ao Prefeito Reyburn, de Filadélfia. Esse foi o início da cruzada de Anna Jarvis. O ponto básico era, - ela insistia, - a homenagem não só às mães vivas, mas, também, às mães que já haviam morrido. De sua casa, - feita quartel-general, - ela dirigiu uma das mais estranhas e eficientes campanhas epistolares de que se tem notícia. Escreveu a governadores, congressistas, clérigos, industriais, clubes femininos - a qualquer um que pudesse exercer influência. As respostas a essas cartas foram em número tão considerável, - demandavam tanta correspondência, - que Anna deixou o emprego que tinha, a fim de dedicar-se inteiramente à sua campanha.

Quando verificou que sua casa se tornara pequena para servir de escritório, comprou a casa vizinha. Em breve era convidada a visitar outras cidades para falar perante diversas organizações. Escreveu e imprimiu folhetos sobre seu plano, distribuindo-os gratuitamente. Todas essas atividades consumiram boa parte de sua fortuna, mas Anna jamais permitiu que isso a preocupasse.
Corriam os dias em que outras mulheres corajosas e enérgicas, - as célebres Sufragettes, - lutavam pelo direito do voto. Os objetivos de Anna Jarvis eram mais sentimentais, menos sujeitos a controvérsias. Como poderia um legislador combater alto tão doce, puro e cheio de beleza como um "Dia das Mães" ? E a Virgínia Ocidental foi o primeiro Estado Norte-Americano a adotar oficialmente a data festiva.

Anna Jarvis, inspirada por esses primeiros sucessos, continuou a escrever, a viajar, a fazer conferências. Em 1914, sua eloqüência persuadiu o Deputado J. Thomas Heflin, do Alabama, e o Senador Morris Sheppard, do Texas, a apresentarem uma proposta conjunta para que se observasse em toda a nação americana, o Dia das Mães. A proposta foi aprovada pelas duas casas do Congresso. O verdadeiro grande momento de Anna chegou quando o Presidente Woodrow Wilson assinou uma proclamação no qual recomendava que o Segundo Domingo de Maio (aniversário da morte da mãe de Anna), fosse observado no país inteiro como o Dia das Mães.

Todavia, para Anna, esse triunfo não era suficiente. Ainda era preciso conquistar o resto do mundo ! Assim, a correspondência, os discursos e os folhetos de exortação continuaram, agora em escala internacional. E o seu esforço foi notavelmente bem sucedido. Só no decurso de sua vida, 41 países adotaram o Dia das Mães. O BRASIL foi um deles. A 5 de Maio de 1932, o então chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, promulgou oficialmente, pelo Decreto 21.366, o Segundo Domingo de Maio, o Dia das Mães.

Infelizmente o triunfo de Anna Jarvis, em breve se tornava a sua grande frustração. Ela escrevia desesperada por centenas de jornais: "Estão comercializando o meu Dia das Mães ! Não era isso que eu pretendia ! Esse é um dia de sentimentos e não de lucros !"
Anna não queria que a festa da mãe pobre fosse diferente da festa da mãe rica. Um simples cravo branco, a flor predileta de sua mãe, bastava para exprimir um Mundo de Afeto !

Ela estava atônita, inesperadamente viu-se pobre e só. A escada do templo, de onde queria expulsar os vendilhões, tornara-se uma rua comercial sem horizontes: dezenas de vezes dava a volta ao mundo. Todo o dinheiro de sua herança se fora. Então, fazendo apagar-se para sempre o seu belo sorriso, onde, durante anos tatalara asas a borboleta de ouro de suas esperanças, recolheu-se à sua casa, na Rua 12 Norte. Levando pela mão a passiva Elsinore, fechou com firmeza a porta às suas costas. Daí para a frente recusava-se a receber quem quer que fosse.

Assim deixou-se levar pelas torrentes crepusculares dos anos, até a enseada da Praça Marshal em West Chester.
- Antes não o tivesse feito ! Lamento ter criado o Dia das Mães !

(...) Por isso, hoje, eu me volto para a presença ausente de Anna Jarvis e suavemente lhe digo:
- Este livro é teu ! Toma-o ! É a bíblia de tua companhia, o manifesto de teu movimento. Jamais homem algum poderá mercadejar com quanto vai aqui escrito. A tua causa, pois, não está perdida!

- Depois de tantos e tantos anos, ela sorri, - a audaz mulher da Filadélfia, - e, compondo de luar um cravo-branco, atira-mo. Em sua trajetória de arco-íris, ele atravessa esta página. E leitora, eis que cai em teu regaço (...).

Prefácio de Wallace Leal V. Rodrigues, extraído do LIVRO 'MÃE', de Francisco Cândido Xavier (Casa Editora O Clarim - Matão-SP 1974).

Que possamos usá-lo para não nos deixar comprar pelos mercadores e meditar sobre o REAL significado do Glorioso "DIA DAS MÃES". A essas heroínas a quem devemos tudo o que somos, iniciando por nossas próprias vidas, ofertamos com todo nosso AMOR, o "Cravo-Branco" de Anna Jarvis !


“ OFERTA DE AMOR ”

Mãezinha,

Enquanto o mundo te adorna a presença com legendas sublimes, abrilhantando-te o nome, quis trazer-te a homenagem de meu reconhecimento e de meu carinho, segundo as dimensões de tua bondade, e te rememorei os sacrifícios...

Revi, Mãezinha, as tuas noites longas, junto de mim, quando a febre me atormentava no berço. Anjo transformado em mulher, erguias as mãos para o Céu e o que falavas com Deus me caia no rosto em forma de lágrimas!... Tornei a encontrar-te os braços acolhedores, festejando-me o retorno à saúde, com a doçura de teus beijos.

E, vida em fora, o pensamento recuou para lembrar-te...

Com a retina da memória, contemplei-te os lábios pacientes, ensinando-me a pronunciar as preces da infância: e nesses lábios inesquecíveis, fitei os sorrisos de júbilo, quando me deste os primeiros livros da escola.

Depois, acompanhei-te, passo a passo, o calvário de renúncia em que me levantaste para a vida.

Quantas vezes me abraçaste, trocando bênçãos por aflições, não conseguiria contar... Quantas vezes te ocultaste no sofrimento para que a alegria não me fugisse, realmente, não sei...

Passou o tempo e, hoje, de alma enternecida, anseio debalde surpreender as palavras com que algo te venha a dizer de meu agradecimento; entretanto, eu que desejaria medir o meu preito de afeto pelo tamanho de teu devotamento, posso apenas calcular a extensão de meu débito para contigo, a repetir que te amo e que em ti possuo o meu tesouro do Céu.

Perdoa, Mãezinha, se nada tenho para dedicar-te, senão as pérolas do meu pranto de gratidão, iluminadas pelas orações que endereço a Deus por tua felicidade. E, se te posso entregar algo mais, deixa que te oferte o meu próprio coração, neste livro de ternura, por dádiva singela de minha confiança e carinho, num ramalhete de amor. ”

( Meimei / Chico Xavier - MÃE - 1922/1946)
( Irma de Castro Rocha )


" MÃE QUERIDA "

"Sustenta-me para que eu te sustente depois.
Não me expulses, nem me desprezes.
Venho ao encontro de tuas esperanças.
Junto de ti, estou na condição de anseio de teu anseio e de alma de tua alma.
Hoje, sou apenas flor, sonho, pensamento ...
Amanhã, serei a tua própria realização.
Resguarda-me com amor para que a confiança não me abandone.
Protege-me contra o desequilíbrio.
Cultiva as idéias positivas do bem para que não me falte segurança contra o mal.
Guarda-me no colo, em nome de Deus, para que a luz da fé em Deus se mantenha acesa dentro de mim.
Tenho tanta necessidade de ti, quanto a semente precisa da terra para germinar e viver.
Dá-me a tua bondade e dar-te-ei a mim mesmo.
De ti depende que eu possa estar amanhã, entre os homens, a fim de cooperar na construção do Mundo Melhor."

( Geziel Andrade - Amor e Vida )

TROVAS DE MULHER

MÃE - uma sílaba só,
Com sentido tão profundo ! ...
Deus ajuntou em três letras
Toda a riqueza do mundo.

Não chores, mãe desprezada,
Na aflição da noite fria !
Deus te reserva outra estrada
E a bênção de novo dia.

Dizes: "mulher em desdouro" ...
Mas se é mãe que vela e afaga,
Deus já fez dela um tesouro
Que o mundo inteiro não paga.

O mal gritaria em vão
Se cada mulher sem lar
Tivesse no coração
Um filho para beijar.

Fé viva na alma que chora:
Lua cheia em noite Fria.
Agasalho da esperança:
Pão nosso de cada dia.

Luiza Amélia
Livro MÃE - Chico Xavier


“ A MULHER ”
' Prefácio do Livro MÃE - 1974 '

“ A mulher deve ser como a palha miúda
com que se encaixotam porcelanas,
palha que não conta,
palha que não se vê,
palha de que ninguém se apercebe,
e sem a qual tudo se quebraria!

( Madame de Stäel )
- 'Anne Louise Germaine Necker' - (1766 / 1817 )


“ EM LOUVOR À MÃE ”
' Livro MÃE - 1974 '

“ Minha mãe - não te defino.
Por mais rebusque o ABC...
Escrava pelo destino,
Rainha que ninguém vê.

Meimei
'Irma de Castro Rocha'
(1922 / 1946 )


ORAÇÃO DA NOITE

Ajoelhada, ó meu Deus, e as duas mãos unidas,
Olhos fitos na Cruz, imploro a tua graça...
Esconde-me, Jesus! da treva que esvoaça
Na tristeza e no horror das noites mal dormidas,

Maria! Virgem mãe das almas compungidas,
Sorriso no prazer, conforto na desgraça...
Recolhe essa oração que nos meus lábios passa
Em palavras de fé no teu amor ungidas.

Anjo de minha guarda, ó doce companheiro!
Tu que levas do berço ao porto derradeiro
O lúrido batel de meu sonhar sem fim,

Dá-me o sono que traz o bálsamo ao tormento,
Afoga o coração no mar do esquecimento...
Abre as asas, meu anjo, e estende-as sobre mim.

Auta de Souza
Macaíba - 3 de Abril de 1899


À ALMA DE MINHA MÃE

Partiu-se o fio branco e delicado
Dos sonhos de minh’alma desditosa...
E as contas do rosário assim quebrado
Caíram como folhas de uma rosa.

Debalde eu as procuro lacrimosa,
Estas doces relíquias do Passado,
Para guardá-las na urna perfumosa,
Do meu seio no cofre imaculado.

Aí! se eu ao menos uma só pudesse
D’estas contas achar que me fizesse
Lembrar um mundo de alegrias doidas...

Feliz seria... Mas minh’alma atenta
Em vão procura uma continha benta:
Quando partiste m’as levaste todas!

Auta de Souza
Natal - Março de 1895



"MÃE"

"Para dizer quem foi a minha mãe, não acho
Uma palavra própria, um pensamento bom
Diógenes — busco-o em vão; falta-me a luz de um facho
— Se acho som, falta a luz; se acho luz, falta o som!

Teu nome — ó minha mãe — tem o sabor de um cacho
De uvas diáfanas, cor de ouro e pérola, com
Polpa de beijos de anjo... ouvi-lo é ouvir um sacho
Merencóreo, a rezar, no seu eterno tom. ..
 

Minha mãe!  Minha mãe!  Eu não fui qual devera.
Morreste e eu não bebi nos teus lábios de cera
A doçura que as mães, ainda mortas, contêm...
 
Ao pé de nossas mães — todos nós somos crentes... 
Um filho que tem mãe — tem todos os parentes... 
— E eu não tenho por mim, ó minha mãe, ninguém!
"
 
 
( Hermes Fontes )

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