BREVE HISTÓRIA
DE BANANAL
O vale do rio Paraíba sempre esteve nas
principais rotas dos viajantes no Brasil Colonial. A ocupação
da região data do final do século XVII e
início do século XVIII, quando o ouro que
vinha das minas gerais passava por ali, atravessando a Serra do
Mar em direção ao porto de Paraty, para ser embarcado
para o Rio de Janeiro e Europa. Ao longo deste percurso, foram
aparecendo povoados que serviam de pouso para viajantes e tropeiros.
A abertura de um novo caminho ligando as minas
diretamente ao Rio de Janeiro quase resultou no desaparecimento
desses pequenos núcleos. No entanto, com a descoberta de
ouro em Goiás e Mato Grosso e com o comércio do
gado vindo do Rio Grande do Sul para abastecer a região
mineira, o vale do Paraíba voltou a ser passagem obrigatória.
Ainda faltava um caminho por terra entre as Capitanias
de São Paulo e do Rio de Janeiro, que evitasse os riscos
das viagens marítimas a partir de Paraty. Os planos para
sua execução começaram em 1725, mas a estrada
só seria concluída na década de
1770. Foi quando o Capitão-Mor de Guaratinguetá,
Manoel da Silva Reis, por ordem de Martim Lopes Lobo de Saldanha,
do Conselho de Sua Majestade, abriu um caminho 'que compreende
vinte e tantas léguas de sertão, que ele fez romper
pela serra da Bocaina e Paraíba'. Para povoar aquelas terras
e criar 'arranchamentos para comodidade e necessário sustento
dos viandantes daquele novo caminho', foram doadas sesmarias aos
que haviam se empenhado na construção da estrada.
Uma dessas sesmarias, a do rio Bananal,
foi destinada a João Barbosa Camargo
e sua mulher. Em 1783, o casal manda
erigir em suas terras uma capelinha tosca, dedicada ao Senhor
Bom Jesus do Livramento. Em torno dela, cresceria o povoado
de Bananal. O nome Bananal seria uma corruptela da palavra
indígena 'banani', que significa 'sinuoso'. O termo
era usado pelos índios para designar o traçado cheio
de curvas do rio que passava por ali. Outra versão para
a origem do nome relaciona-se com os muitos bananais que existiriam
na região.
Na primeira fase de ocupação do
vale do Paraíba, predominava a lavoura de subsistência
com poucos excedentes para serem comercializados. A situação
começa a mudar a partir do início do século
XIX, quando a cultura do café, baseada nas grandes propriedades
e no emprego da mão-de-obra escrava, chega à região.
As terras férteis do vale e o clima propício para
o café atrairiam grandes investimentos. O capital necessário
para a empreitada havia sido acumulado graças ao incremento
do comércio após a vinda de D. João VI e
a corte portuguesa para o Brasil, no início do século.
A emancipação politico-administrativa
de Bananal, ocorreu no dia 10 de julho de
1.832.
A princípio, os lucros obtidos com o café
eram aplicados na compra de mais escravos e na ampliação
da lavoura. A vida era austera e as rústicas sedes das
fazendas eram cercadas pelo terreiro de café, oficinas
e senzala. Em 1836, o segundo maior
produtor de café da província de São Paulo
era Bananal, que concentrava boa parte dos fazendeiros mais ricos
do vale.
Na época do fim do tráfico de escravos,
os fazendeiros começaram a sofisticar seu modo de vida.
As sedes de fazenda foram transformadas em palacetes, decorados
com móveis importados e afrescos de pintores europeus nas
paredes. Aumentava o número de escravos usados nos serviços
domésticos. Para as festas e passar as entressafras, sobrados
luxuosos eram erguidos nas cidades. Bananal chegou a ter duas
bandas de música formadas por escravos, especializadas
em óperas européias. Esta mudança
de hábitos foi influenciada pela presença da corte
portuguesa no Rio de Janeiro e mais tarde pela criação
do Império. O Brasil já não era mais uma
colônia e a emergente e poderosa aristocracia rural adotava
o código de conduta, a maneira de morar, se vestir e se
expressar da corte francesa, a mais influente da época.
Em Bananal, os 'barões
do café' formavam a elite do Império. Com
seu dinheiro, depositado nos bancos de Londres, chegaram a avalizar
empréstimos feitos pelo Brasil para enfrentar a Guerra
do Paraguai. Financiaram a construção da Estrada
de Ferro Ramal Bananalense - que passava pelas fazendas
mais ricas e iam até Barra Mansa, no Rio de Janeiro - e
trouxeram uma estação ferroviária inteira
da Bélgica. Por algum tempo, a cidade teve sua própria
moeda. Um dos fazendeiros mais poderosos da cidade, Manoel
de Aguiar Vallim, dono da fazenda Resgate, teria ao morrer,
em 1878, apenas em apólices da dívida pública,
quase 1% de todo papel moeda emitido no Brasil.
Mas o período de prosperidade obtido com
o chamado ouro verde não demorou a chegar ao fim. No final
do século, as terras começaram a dar sinais de exaustão.
A abertura da ferrovia Santos-Jundiaí veio facilitar o
escoamento da produção de pontos mais distantes
do litoral, propiciando a expansão da lavoura cafeeira
no oeste paulista. A abolição da escravatura, em
1888, enfraqueceu ainda mais a economia da região. Os filhos
dos grandes fazendeiros não conseguiriam manter as fortunas
herdadas dos pais. As pastagens para criação
de gado tomaram o lugar dos cafezais. No entanto, não
seriam capazes de restaurar o poder e a riqueza das famílias
de Bananal e de todo vale, mergulhadas em brigas por heranças
e perdidas na lembrança do período de glória.
Na década de 50,
mais um golpe. A abertura da Via Dutra,
rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, praticamente
desativou a estrada dos tropeiros, que passava por Bananal, além
de Areias, Silveiras, Formoso e São José do Barreiro.Todas
elas se tornaram 'cidades mortas'
- como escreveu Monteiro Lobato, que morou em Areias e presenciou
a decadência da região.
Hoje, Bananal procura se reerguer atraindo
turistas, não só para conhecer sua história
de pompa e riqueza, cujos testemunhos são os belos sobrados
da cidade e os casarões de suas fazendas, como também
para desfrutar das belezas naturais da serra da Bocaina, onde
fica a maior reserva brasileira de mata atlântica.
O Aniversário de Bananal é comemorado
em 10 de Julho.
Fonte: PM DE BANANAL
e CÂMARA DE BANANAL