BREVE HISTÓRIA
DE SANTO ANDRÉ
No início do século 16 os países
que tivessem terras onde pudessem explorar as riquezas minerais,
em especial ouro e prata, estavam à frente dos demais
pois essas eram as moedas correntes, indicadoras de riqueza.
Explica-se por aí o interesse pelas terras dessa vasta
colônia portuguesa. Devido a vários ataques às
suas terras, a partir de 1530 Portugal intensificou a colonização
das costas brasileiras. Nesse contexto é enviado para
cá, por ordem de D.João III, rei de Portugal,
Martim Afonso de Souza com a incumbência de fundar vilas
para fortificar o litoral.
Aliada a essa história está a figura de João
Ramalho, português que representava, nesse momento,
uma porta de entrada para o contato com os índios e para
a colonização, pois ele conhecia algumas tribos
e conseguia se comunicar com elas.
Em contrapartida a sua ajuda, João Ramalho solicitava,
desde o início, que o local em que vivia, situado acima
da Serra do Mar, fosse transformado em vila. Sua petição
foi negada durante vários anos, pois pretendia-se povoar
o litoral e não o interior. Seu pedido foi atendido apenas
em 8 de abril de 1553, quando foi
criada a vila pelo Governador Geral Tomé de Souza. Seu
nome era Santo André da Borda do
Campo.
Nesse período, a busca de metais impulsionou as entradas
para o interior e a vila foi se desenvolvendo. Os jesuítas,
instalados em São Vicente, tinham interesse em transferir
seu colégio para próximo dessa região,
nos campos de Piratininga, pois havia uma grande evasão
de pessoas do litoral para o interior. Tal fato ocorreu a 25
de janeiro de 1554, com a criação da Aldeia
de São Paulo de Piratininga.
Dificuldades de subsistência e de proteção
fizeram com que a vila de Santo André fosse transferida
para São Paulo de Piratininga em 1560,
através de proposta do Padre Manoel da Nóbrega
ao Governador Geral Mem de Sá.
A partir de então, Santo André deixou de existir
enquanto unidade administrativa, passando a ser um bairro de
São Paulo. A região passou por um período
de estagnação, tornando-se local de passagem entre
o Porto de Santos, a capital e o interior. No entanto, já
em 1561, grande parte das terras foi concedida como sesmaria
a Amador de Medeiros, ouvidor da Capitania de São Vicente.
Boa parte dessa sesmaria foi repassada, em 1637, à Ordem
de São Bento, formando-se ali a Fazenda São Bernardo,
área atualmente ocupada em grande parte pelo município
de São Bernardo do Campo. Outra área importante
de domínio dos beneditinos era a Fazenda São Caetano,
doada à Ordem em 1631 pelo Capitão Duarte Machado
e sua esposa Joana Sobrinha. As outras terras eram menores e
foram passando por vários donos até o início
do século 20, quando foram loteadas (...)
Em 1889, quando foi criado o município
de São Bernardo, este nasceu
sob a marca da industrialização, utilizando, predominantemente,
a mão de obra de imigrantes. Este município abrangia
toda a região do Grande ABC.
As indústrias que se instalavam na nova cidade eram em
geral ligadas à produção química,
têxtil e de móveis. Além disso, foram surgindo
pequenos negócios como carpintarias, funilarias, sapatarias,
barbearias, pequenas pensões e restaurantes, que foram
dando uma feição mais urbana à região.
Nesse contexto ressurge o termo Santo
André, nomeando o distrito criado em 1910
e que compreendia áreas próximas à Estação
(...)
O distrito de Santo André abrigava na década
de 1930 várias indústrias
importantes, possuía a Estação de São
Bernardo por onde era transportada grande parte dos produtos
aqui produzidos e tinha entre seus moradores vários políticos
influentes. Tal situação levou à transferência
da sede do município de São Bernardo para Santo
André, em 1939. Toda a região do Grande
ABC, composta por vários distritos, passou, então,
a ser denominada pelo nome Santo André.
(...) No entanto, já na década
de 1940 iniciaram-se vários movimentos emancipacionistas
e os distritos foram tornando-se municípios. Em 1945
foi a vez de São Bernardo do Campo, em 1949 São
Caetano do Sul e em 1953 Mauá e Ribeirão Pires.
A partir de então Santo André
passou a ter uma área de 174,38 quilômetros quadrados,
contando com os seguintes distritos: Sede, Capuava e Paranapiacaba
Na década de 1950, além
dessas mudanças, outras puderam ser sentidas no que se
refere à tipologia das indústrias da região.
Com os investimentos estatais e o capital estrangeiro ocorreu
um crescimento no setor automobilístico, mecânico,
metalúrgico e de material elétrico. Santo André
passou a abrigar várias indústrias
de auto-peças.
A indústria foi, então, delineando um outro perfil.
A mão de obra tornou-se mais especializada e as máquinas
mais produtivas. Neste momento a mão de obra deixou de
ser determinante para o aumento da produção.
Na década de 1970 houve um momento de expansão
e concentração da indústria na Grande São
Paulo. Foi o período denominado de "milagre econômico".
Na década seguinte o ritmo de crescimento sofreu um decréscimo,
culminando com a recessão dos anos 80.
Nos anos 90 a produção industrial continuou desacelerada,
com os incentivos fiscais voltados para outras áreas
do estado de São Paulo, além das dificuldades
de transporte e o custo de mão de obra. O ABC e, em especial
Santo André, perdeu várias
indústrias. Hoje em dia, há um grande esforço
do setor público e da sociedade para a manutenção
das indústrias existentes. Além disso, tem-se
observado um aumento de atividades nos setores de serviços
e no comércio. O desafio do início deste século
21 está relacionado à criação de
novas alternativas para a cidade que vai se transformando, garantindo
melhores condições de vida a seus moradores.
Suzana Cecília Kleeb
- Historiadora do Museu de Santo André
O Aniversário de Santo André
é comemorado em 08 de ABRIL.
Fonte: PM SANTO ANDRÉ